O pincel ficou duro devido à quantidade das mãos de tintas que ela passou na parede da casa virtual... Os móveis arrastados inúmeras vezes, mosaicos faltando, a árvore de natal arrumada muito antes do tempo, denotavam a insatisfação e necessidade de mudanças. O problema é que a desorganização era por dentro e enquanto ela não alinhasse os planetas, nada ficaria bom, faltaria sempre um detalhe... Um pedaço de tapete virado, um canto escuro da sala, um pedaço de si por refazer.
TEIAS DO DIA (Realidade ou ficção?)Inferno astral, menopausa, saco cheio... Traduções, classificações tinha aos montes, tudo para explicar o inexplicável ou colocar um esparadrapo (ainda existe isso?) no óbvio. Não entendia por qual motivo as pessoas tinham necessidade quase que patológica em achar explicações para tudo. Depois de um ano quase inteiro, tudo estava chegando ao fim para novamente iniciar um ciclo e era óbvio que ela precisava fechar a quitanda, enfileirar os artigos, limpar o balcão e livrar-se das caixas as quais continham fantasmas que entulhavam as prateleiras do tempo...
FIO ASSIMÉTRICO (Poesia ... Tento)
A ausência abrupta
É Ininteligível
A ausência parcelada
É dolorida
A tortura
De aos poucos
Não conseguir
Ter entendido
O sentido
Do complemento
Transformando dois
Em único vazio.
By Casti
Graça Loureiro
olhares.aeiou
pbase/Beejoy
Foto: Salih Güler
ALYZ (deviantArt)
Não são as velas
Aos poucos estava acontecendo! Como uma onda mais afoita, invadindo as fendas entre rochas. Não mais folhearia, trocaria o verbo folhear pelo digitar. Não mais esqueceria, novamente substituiria por deletar... As mãos, na verdade as polpas dos dedos não ousariam tocar um obsoleto papel, ou se aventurariam a mudar a página empolgante do rumo de algum conto. O barulho das páginas virando, a expectativa do outro lado da folha. Seria assim... A tela o mouse, sem cheiro de livro novo ou cuidado com o despencar dos antigos. Tipo, cerveja sem colarinho, praça sem realejo, namoro sem contato, só o tato nas teclas da vida digital...O erotismo
Grudado na meia
Que Sobe
Pelas veias
Vontades alheias
Sem versos
Onde o sexo
Vagueia
Sem norma
Sem forma
Sem meia
Semeia...
D. LattNos momentos mais simples do dia, em alguns pedaços o mundo se transforma e pode-se dizer que o paraíso existe e infelizmente é atropelado por coisas essenciais, como a nossa morte sistemática disfarçada de sobrevivência.
By Casti
Foto: V. Bice
Brando semblante
Luminoso anjo
Não se sabe
A intensidade
Das labaredas
Por trás do olhar
Pano de fundo
Talvez um engano
Quem sabe
Os planos
Colorido anjo...
Foto: V. Bice
Anna KoudellaTemia que, ao ler aquela carta, ele já estivesse conectado noutra... Para ela, escrever era rebuscar nas letras, buscar a inspiração, o momento e tempo necessários de deixar fluir tudo aquilo que estava sentindo. Tempo!? Para ele os teclados eram ágeis, transcreviam sem muito pensar ou pesar pelos eventuais sofrimentos que poderia causar... Coisa de momento, prazeroso e rápido como o orgasmo, sem seqüelas, a não ser a sensação inicial de alívio, posteriormente perda e procura, algo vicioso de conquistas rápidas e práticas, como quem adquire um paliativo para a ressaca da própria existência.
Dan ManganPorquanto, o Ser e o Existir,
Se engendram mutuamente.
O fácil e o difícil se completam.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo.
O som e o silêncio formam a harmonia.
O passado e o futuro geram o tempo.
Eis porque o sábio age,
Pelo não-agir.
E ensina sem falar.
Aceita tudo que lhe acontece.
Produz tudo e não fica com nada.
O sábio tudo realiza - e nada considera seu.
Tudo faz - e não se apega à sua obra.
Não se prende aos frutos da sua atividade.
Termina a sua obra,
E está sempre no princípio.
E por isso a sua obra prospera.
Lao Tsé
in Tao Te King
Google imagemA aba do chapéu
Vermelho
Desliza pelas luvas
Negras
Corrida nas curvas
Sombreada
Entre claro
Escuro
Erótica ótica
Contemplação...
By Casti
Aquela gestação havia encruado fazia uma eternidade... Aos poucos uma grande indisposição, pernas inchadas, olhos inchados e instabilidade emocional. Era preciso fazer nascer, colocar para fora, pois só assim viria a renovação, estaria pronta para se lançar em outros quintais. Sendo assim, em duro parto natural, pariu as mágoas, cortando o cordão umbilical do costume de ser vítima cumprindo resguardo entre as novas possibilidades.By Casti
Google imagem
Google imagemPalavras bonitas... Ética, transparência. São palavras que muitas vezes estão grifadas em nossos dicionários, muito embora passe longe das ações diárias. Como ser ético se vivemos uma fase em que as pessoas tomam tantos caminhos na contra mão e fazem dessa atitude um espelho? Como ser transparente se todos transitam com máscaras de porcelana para serem isentos de assumir os riscos dos próprios atos? S a ética envolve deveres do homem para com a sociedade, como podemos exercitar se nosso próprio umbigo é mais importante? Infelizmente muitos rasgaram as páginas do dicionário e adotaram a bíblia volátil do faz de conta. Atualmente, passamos batidos por tudo que diz respeito “ao outro”, afinal de contas nada interessa só a passagem meteórica pela fama, e recebemos sem nenhum pudor o troféu da astúcia pela arte de ludibriar, embarcando nessa canoa furada, fazendo de contas que o pântano é o melhor lugar para pescar.
By Casti
Google imagemCom um pedaço de giz, delimitou um improvisado palco... Fazia um calor de rachar, mesmo assim ele não abdicava do terno escuro e os paramentos da formalidade. Armado o cenário, remexeu a pasta sacando da única arma que dispunha... Aos brados e em tom desesperado encheu os ouvidos dos passantes com sua fé na tentativa de salvar o mundo, desviando o rebanho para segura estrada, pois ele também necessitava acreditar nas palavras impressas do senhor, no sol escaldante da Praça da Sé...
By Casti
www.joaowerner.com.brVivia assim... Sacudida pelo despertar do relógio, no trem lotado e também pelas dificuldades que existiam depois da porta. Era impiedosamente sacudida, pelo homem que com ela sobrevivia... Sacudia no Samba de Fevereiro, sacudia a roupa para secar no varal. Finalmente, não mais agüentando tanta sacudidela, num dia comum de semana, sacudiu da janela do último andar onde trabalhava, espatifando-se no chão num embate final.
By Casti
Fotografia de: Sue Anne Joe
Andas interessado
Em meus pedaços
Talvez recomponhas
Trechos obstruídos
De ti...
Andas
Repleto de incerteza
O que dentro de ti
Decompõe-se
Morre e renasce
Por intermédio
De meus atalhos
Cheios de talhos
Paulatinamente
Regenera-te
Hibridismo
Seres amalgamados
Eu & "vocêu"...
Foto: Anna FracassiConstruía seu calabouço, um dia vendava os próprios olhos, em outros ficava amordaçada para não discutir... Deixava de agir impondo-se o martírio das mãos atadas e por fim aos poucos, satisfeita por não incomodar ia definhando em existência nula, sem resistência ou opinião própria, deixando de existir.
Com chuva ou calor “seu Edílson” fazia uma ronda completa... As dificuldades da noite não o incomodavam, pois era um lutador nato! Munido de boa vontade e uma lanterna mais potente que o sol, lá ia ele o vigia, tranqüilizando nossos sonhos, se fazia na madrugada guardião dos portões de cada moradia, sujeito de boa prosa, batalhador, amigo de qualquer tempo, noite, madrugada ou dia.
Foto: Floriana BarbuUm cálice
Contém o veneno
Do indescritível
Vício
Teu corpo
Na borda
Do meu...
Cálice.
Google imagemEntraram encapuzados! Furtivamente vasculhavam por toda a parte... Ao encontrar o que queriam, retiravam do local e após algumas horas, pediam um resgate astronômico do “precioso” laptop, caso contrário, seria deletado e sua “vida digital”, nada mais valeria...
By Casti
Para que servem as novelas? Quem não viu ou acompanhou alguma em sua vida? Um fio a mais na teia cotidiana, um tempero para não amargar a realidade, um termômetro comportamental em horário nobre? Sei dizer não... Só sei que sou do tempo em que era delicioso acompanhar as tramas do comportamental político de Odorico Paraguaçu (O Bem Amado) ou a beleza da poesia de Jorge Amado na Personagem de Gabriela Cravo & Canela. O Surrealismo de Saramandaia em histórias que nos faziam sonhar, onde a maldade era tratada com comicidade e não pesava tanto quanto a atualidade estampada na tela em asas de realidade Chinfrim... Felizmente temos compensações que nos remontam aos tempos deliciosos dos pequenos e saudáveis delírios de aproximadamente 45 minutos. Personagens que não precisam dialogar para mostrar a força da interpretação como Osmar Prado e Irene Ravache, acompanhando uma lista infindável de experientes atores agregados aos que estão no início da estrada. Uma pequena cidade do interior de Minas “Serranias” (assim denominada), onde famílias de bruxas travam uma grande briga em nome da verdade dos sentimentos. No meio desse recheio exótico, o modus vivendis simples, nos mostra que podemos ser felizes com o que temos, mesmo que os ideais não sejam em proporções astronômicas como exige o figurino de nossa problemática realidade.
By Casti
